Dedico o poema "bordadeira" a todas as artesãs dedicadas a seu ofício. Às mulheres rendeiras do Ceará e do Maranhão, silenciosas e plenas em seu trabalho. Estar perto de uma mulher dessas é sentir o seu harmonioso silêncio. Elas sequer assinam o trabalho que fazem, feito mais pela ancestral tradição do que pelo ego. Essas mulheres muito têm a nos ensinar sobre uma postura de vida sábia e produtiva, e não é se esganiçando com palavras. Enfim, uma outra perspectiva que colho da memória sobre mulheres do Estado e da região onde nasci e que, de alguma forma, estão também em mim.
Ah, a bolinha de croché da foto fui eu quem fiz. Eu faço alguma coisinha em croché, só que a internet não precisava ficar sabendo. Tá bem, agora revelo..
Ótimo feriadão, e upa, daqui a pouco viajo.
Tecelã de versos e
bordadeira de estrofes:
tricota aliterações
metonímias e absurdos
em gestos ancestrais
e movimentos que a
completam, traduzem
e excedem:
pingos nos is são
contas brilhantes
e vírgulas,
delicadas franjas
palavras de renda pura
na fina seda da
poesia costura
adjetivos
pesponta ilusões
paradoxos imagens
faz poemas que
a cobrem
enfeitam
e aquecem
a nudez
mas nua está
e nua compõe.
(do livro Lilases)
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